A República Democrática do Congo (RDC) suspendeu na terça-feira os canais de televisão ruandeses difundidos no país pelo canal francês Canal Plus.
Isto foi anunciado numa declaração do Conselho Superior de Comunicação e Media (CSAC), que acusou os media ruandeses de desmotivarem as forças de defesa da RDC em favor do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23).
«Os mesmos canais estão a sacrificar a cultura de paz para a qual a RDC tem feito o seu trabalho na região dos Grandes Lagos», explicou o CSAC na sua carta, detalhando que a medida durará 90 dias.
Segundo a CSAC, os canais ruandeses incitam à desobediência civil, à insurreição geral contra a autoridade pública da RDC e à «denigração sistemática das instituições nacionais e dos seus líderes».
Os programas ruandeses estão também alegadamente a transmitir discursos de ódio, como foi alegadamente o caso na semana passada por ocasião da visita do Papa Francisco a Kinshasa, a capital da RDC.
Uma reportagem do Canal Plus, relatada pelo diário Actualite, afirma que o Ruanda «inadvertidamente» interfere com programas de rádio e televisão transmitidos a partir da RDC e retransmitidos pela mesma sucursal em território ruandês. Estes incluem canais congoleses tais como RTNC, Télé 50, Digital Congo e Moliere.
O M23 é um grupo rebelde constituído principalmente por tutsis congoleses e que opera principalmente na província do Kivu do Norte. Após um conflito entre 2012 e 2013, a RDC e o grupo assinaram um acordo de paz em Dezembro. Nos combates, o exército da RDC foi apoiado por tropas da ONU. O grupo lançou uma nova ofensiva em Outubro de 2022, que se intensificou em Novembro, provocando uma crise diplomática entre a RDC e o Ruanda por causa do seu papel no conflito.
O Ruanda acusou a RDC de apoiar as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR) – um grupo rebelde armado fundado por e composto principalmente por Hutus responsáveis pelo genocídio de 1994 no Ruanda – e de utilizar as milícias Mai-Mai – milícias nacionalistas congolesas formadas para defender o seu território tribal contra os numerosos grupos rebeldes activos desde os anos 90 – no contexto do conflito. Também denunciou a discriminação e actos de ódio contra a minoria Tutsi no país vizinho.
Fonte: (EUROPA PRESS)