![Archivo - Jair Bolsonaro. Archivo](https://www.news360.es/wp-content/uploads/2023/02/fotonoticia_20230202193610_1920-5.jpg)
O senador Marcos do Val, do partido conservador Podemos, afirmou que o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro procurou convencê-lo a realizar um golpe de Estado, aproveitando a sua experiência militar, durante uma reunião que realizaram com o antigo deputado Daniel Silveira, agora detido.
«Fiquei zangado quando me chamaram bolonarista. Esperava que eu largasse uma bomba. Na sexta-feira, ‘Veja’ (revista brasileira) vai publicar a tentativa de Bolsonaro de me convencer a realizar um golpe de estado com ele», revelou na quarta-feira à noite numa emissão em directo nas suas redes sociais.
Depois de denunciar as alegadas aspirações golpistas de Bolsonaro, Do Val usou o seu perfil Instagram para anunciar que após quatro anos como senador do estado do Espírito Santo estava a abandonar definitivamente a política e voltaria para os Estados Unidos com a sua família para continuar a sua carreira.
No entanto, mais tarde, retirou a sua declaração e confirmou que iria continuar a ocupar o seu lugar no Senado. Horas antes, ele tinha declarado que os insultos que tinha recebido pesavam muito sobre a sua família e que o seu tempo e saúde eram demasiado para ele.
Pela sua parte, o primeiro dos descendentes do ex-presidente brasileiro, o senador Flavio Bolsonaro, confirmou a existência da reunião que teve lugar em Dezembro, mas excluiu que o que foi discutido na reunião constituía um crime.
«Na nossa legislação, pelo menos, não se trata de um crime. Mesmo que seja verdade, porque não sei se é, falar sobre isso não é um crime. A sua execução seria. Um crime, do meu ponto de vista, um crime menor», disse ele.
Flavio Bolsonaro, contudo, criticou Do Val por usar o clima de «liberdade» e «confiança» que existia naquela reunião para registar e «prejudicar» Silveira. «Isto não está nos nossos princípios e eu não concordo de forma alguma com isso», protestou ele.
Ao mesmo tempo, criticou Do Val por mudar as versões «de uma hora para a outra» e pediu-lhe que analisasse toda a situação «calmamente». Mesmo assim, disse que o senador Podemos lhe tinha dito que a ideia era «coisa da Silveira» e que Bolsonaro queria ter «nada a ver com isso».
Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes autorizou o seu interrogatório, depois de a Polícia Federal ter apresentado um pedido após o Do Val ter divulgado nas redes sociais «informações relevantes» para a investigação dos ataques golpistas de 8 de Janeiro. A marcação está agendada para quinta-feira.
A demissão de Val veio poucas horas depois de os deputados e senadores das duas câmaras do Congresso do Brasil tomarem posse. Na Câmara dos Deputados, Arthur Lira foi reeleito presidente, confirmando não só as expectativas, mas também a obtenção de um voto recorde, com mais de 92 por cento dos votos após o acordo de cerca de quinze bancadas.
No Senado, a votação foi um pouco mais próxima, mas no final Rodrigo Pacheco manteve o seu mandato, vencendo o pró-Bolsonaro Rogério Marinho, graças em parte à pressão do Partido dos Trabalhadores (PT) de Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu o primeiro confronto da legislatura.
Fonte: (EUROPA PRESS)