
O Ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, anunciou esta sexta-feira que o seu antecessor no cargo, Anderson Torres, tem até segunda-feira para se apresentar perante a Polícia Federal, caso contrário o governo não exclui a activação de um pedido de extradição para o trazer de volta dos Estados Unidos.
Torres, o último ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, tem um mandado de captura na sequência dos motins golpistas de 8 de Janeiro. Como chefe da segurança em Brasília, é alegado ter cometido um crime de negligência na gestão dos protestos violentos, bem como conluio com os assaltantes nesse dia.
Os avisos do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegam quatro dias depois de o Supremo Tribunal ter ordenado o seu regresso dos Estados Unidos, onde se encontra de férias. Embora Torres tenha assegurado que se colocaria à disposição das autoridades o mais rapidamente possível, nada se sabe sobre o seu regresso.
«Caso a sua comparência não seja confirmada na próxima semana, é evidente que através dos mecanismos de cooperação jurídica internacional, activaremos os procedimentos para levar a cabo a extradição», disse Dino nos comentários relatados por ‘O Globo’.
Como parte do mandado de captura de Torres, a Polícia Federal realizou uma busca na terça-feira na sua casa em Brasília, onde encontrou, entre outros documentos, o projecto de um decreto presidencial para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e torpedear os resultados eleitorais.
Num evento realizado em Brasília com agentes policiais que participaram na operação de detenção da máfia pró-Bolsonaro que participou nos ataques de 8 de Janeiro, o Ministro Dino salientou que «a Constituição ganhou» e apelou aos rivais políticos do governo para virarem a página e se prepararem para as eleições de 2026.
«Por amor de Deus, as eleições de 2022 terminaram. A sério, compreendam isto e estejam prontos para o próximo. Haverá outro em 2026. Se perdermos em 2026, respeitaremos democraticamente o resultado, como o fizemos em 2018», disse ele.
O ministro da justiça também respondeu às críticas de um sector do bolonarismo que tem questionado as numerosas detenções que se seguiram às agressões de domingo, sublinhando que procurar depor um governo legitimamente eleito e restringir os poderes constitucionais é um crime.
Finalmente, Dino confirmou a recuperação de uma réplica da Constituição de 1988 que foi roubada durante o ataque à sede do Supremo Tribunal – que será devolvida esta sexta-feira à presidente do tribunal, Rosa Weber – e lamentou que «milhões de reais» de prejuízos tenham sido causados ao povo brasileiro pelos ataques.
«Quantos milhões serão atribuídos para reparar os danos materiais? Dez milhões de reais, quinze milhões? Não sabemos ao certo, apenas que este dinheiro poderia ter um destino melhor», disse ele.
Fonte: (EUROPA PRESS)






